Mansos
Mateus 5:5
A Terra está em plena transição para ser um planeta dito de regeneração.
Do mesmo modo que a água para se tornar vapor passa pelo processo de ebulição, que é uma fase de agitação e conturbação, a Terra passa por este momento confuso de mudança, transformando-se de planeta de provas e expiação para um orbe de regeneração.
Qual a diferença fundamental entre ambos os estágios? A construção de uma humanidade fraterna.
Em um planeta de provas, o que é preponderante é a luta entre os indivíduos. O egoísmo é a tônica geral. Pois os homens, ainda muito animalizados, disputam entre si pela conquista de seus desejos, sejam eles quais forem. É o eu em detrimento do nós.
Sabendo que a semente, para se transformar em árvore, demanda tempo de cultivo e tempo de maturação. Jesus, como Divino semeador, ao primeiro momento em que a humanidade se mostrou fértil para receber seus ensinamentos, veio ele mesmo semear seu evangelho, ensinando e exemplificando a lição maior que nos é necessária:
"Ame ao teu próximo como a ti mesmo."
Contudo, até hoje, esta semente ainda não frutificou na maioria das mentes dos espíritos que formam nossa humanidade.
Como somos, e sempre seremos, diferentes e diversos; com pensamentos, tendências e desejos discordantes, entraremos em conflito continuamente.
Se estivermos sob a ótica egoísta, que é a que estamos acostumados, a divergência é vivida e, talvez resolvida, pela violência. Os conflitos domésticos, sociais e entre nações estão aí noticiados aos montes nos jornais diários.
O problema é que, desde que conquistamos a nossa consciência, fruto de nossa evolução biológica e espiritual, temos também o peso da responsabilidade daquilo que fazemos: a conhecida lei de causa e efeito.
E, assim, enquanto lutamos uns contra os outros, disseminamos sofrimentos entre nós mesmos. E, pior, plantamos responsabilidades pesadas aos nossos próprios espíritos, de modo que são pagas principalmente pelo sofrimento exato que infligimos ao outro viver.
Mas como resolver os conflitos e as injustiças, conforme o evangelho? Sendo mansos.
Em outro modo de dizer, através da não-violência, através do não-revide. As discordâncias deveriam ser resolvidas com diálogo e tolerância, de modo a chegarmos a uma resolução concordada e equilibrada. Ou achamos que nos planos superiores os espíritos têm o mesmo ponto de vista? É claro que não, contudo não temos notícias de guerras e dissensões entre os espíritos de luz.
Os mansos herdarão a Terra, nos disse Jesus, mas não confundamos mansidão com passividade ou completa resignação. Essa afirmação pode ser comprovada pela própria vida do Mestre. Seu evangelho é ensino de uma moral superior, contudo entremeado a este ensino, Jesus várias vezes evidencia a hipocrisia de parte da liderança religiosa que preponderava no judaísmo de então. O Mestre com sua atitude de crítica às hipocrisias humanas, que se revelavam na religião e na política daquela sociedade, foi, por causa disso, preso e morto. Em nenhum momento, contudo, o Grande Mestre reivindicou, aos céus ou à terra, armas que pudessem tirá-lo daquele momento insano e triste. Se entregou, sofreu e pediu a Deus o perdão aos seus algozes.
Junto aos pés de Jesus, está o nosso Pai Seta Branca, que tem esse nome exatamente por deixar sua Seta Imaculada no momento do conflito extremo. É exatamente, sob a igual medida, o mesmo ensino de mansidão a nós. Isto é, devemos aprender a conviver uns com os outros, sem o artifício da violência.
Atualmente, no Vale do Amanhecer, acredito que sabemos todos que estamos falhando em seguir este ensino do Pai e do Cristo. Em passado recente, usamos de violência para transformar, a fórceps, a estrutura de comando físico até então vigente no Amanhecer. A partir disso, vivemos até agora os efeitos nefastos deste nosso distanciamento do Pai Seta Branca e de Jesus.
Afinal, em um momento ímpar de profundidade e comunhão com a espiritualidade maior, cada Jaguar, especialmente o Doutrinador, asseverou a Jesus em sua iniciação que sua luta seria, a partir de então, somente consigo próprio, quando disse:
"Jesus, o gume desta espada apontada ao meu próprio peito é a demonstração viva do que te posso dar. Fira-me, quando meu pensamento afastar-se de Ti."
Salve Deus.